
Ontem fiz uma descoberta extraordinária no baú da minha infância. É incrível como pude sentir por alguns momentos o que sentia quando andava na pré-primária. Dentro de um dos caixotes que usamos para guardar tudo quando fizemos as longas obras cá em casa, encontrei, já com pouca cor e muito pó, a capa que eu própria fiz antes de começar a primeira classe e onde guardei todos os meus desenhos, pinturas e trabalhos dessa altura. Ao ver ao pormenor, um a um, senti tudo o que a mariazinha sentia quando os fez. Lembro-me de como gostava de misturar cores, cada pétala de uma flor tinha uma cor e tinha a preocupação de pintar tudo tão bem de forma a não passar a linha do desenho. Lembro-me de tudo isto. Ao ver as fichas de contas de "mais" e de "menos", recordei como se fosse ontem o medo que sentia quando tinha de as fazer. À medida que ía vendo as dezenas de trabalhos lembrava-me de como era difícil para mim começar um trabalho novo, que nunca tinha feito antes. Achava sempre que ía ser a última a terminar e que sozinha não ía conseguir fazer. À medida que começava esse medo ía perdendo a força... até que ganhava confiança e conseguia bons resultados. Quando já estava confiante e "acomodada" a esse tipo de trabalho, surgia um novo... e voltava tudo outra vez. Pensei muito sobre isto e vi que agora me acontece exactamente o mesmo. Quando tenho um novo desafio ou um novo trabalho para realizar entro imediatamente "em pânico", penso sempre que não vou ser capaz de fazer como gostaria e que sozinha é complicado... Parece que isto foi uma constante na minha vida... cada mudança, por mais pequena que fosse, era um tormento.
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